Um jovem se aproxima de Jesus e suplica: "Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" Ele, sem dúvida, espera alcançar a paz e a felicidade que nenhum dinheiro pode comprar. Por isso, desde a primeira palavra já se indica o que será colocado em questão: o bom, a bondade e a felicidade. Ou ainda, o que pode trazer esperança e satisfação ao nosso desejo de felicidade e de segurança. O jovem se dirige ao Senhor, "bom Mestre" e, após a resposta de Jesus: "vai, vende o que tens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu", "foi embora muito triste, pois possuía muitos bens".

O jovem rico imagina tudo em termos do ter: seus bens terrenos, o bem que dá o ao céu e se ele chama Jesus de "bom Mestre" é porque espera ganhar através dele a glória eterna. Como de costume, Cristo procura elevar este desejo muito natural às perspectivas sobrenaturais que são as da fé: o Bom, o Bem, a Felicidade, o Céu se identificam com Deus. Há identidade entre Deus que se nomeia "Eu sou" e a Verdade, a Bondade e a Beleza.

A insistência de Jesus é sobre "só Deus", como dizendo "uma só coisa te falta", sublinhando a oposição entre o Bem, único, que traz Felicidade eterna do céu, e a multiplicidade insuficiente das riquezas. E em que colocava o jovem toda sua segurança? No que possuía? Eis que Jesus mostra que ela só pode ser encontrada em Deus, seu verdadeiro tesouro. Onde está o teu tesouro, aí estará o teu coração. Ele se encontra diante da séria decisão entre Deus e as riquezas materiais, lembrando-nos a parábola da pérola pela qual se sacrifica tudo para obter a pérola. Somente Deus pode satisfazer o desejo mais profundo de nosso coração. Quando se experimenta a bondade do Pai celestial, "testemunhada pelo próprio Jesus", escreve Clemente de Alexandria (215), "somos atraídos a Ele e prontos a nos abandonarmos em suas mãos".

Senhor, nossos corações foram atraídos por vós e vós nos abristes os tesouros do céu. Que possamos dar-nos totalmente a vós, doando-nos generosamente aos nossos irmãos e irmãs!

Com dom Fernando Figueiredo