O relacionamento entre pessoas com uma grande diferença de idade ainda é um tabu social. O tema segue sendo bastante discutido, em decorrência da novela “Um Lugar ao Sol”, exibida no horário das 21h, na TV Globo, em que a personagem Rebeca (interpretada pela atriz Andrea Beltrão, 58), se envolve com o personagem Felipe, (vivido pelo ator Gabriel Leone, 28). Em um episódio da trama, Rebeca chega a ser confundida como mãe dele, ficando revoltada. Apesar de ser ficção, o casal reflete como muitas pessoas tratam o tema preconceituosamente.

Em um estudo de 2020, a pesquisadora Mirian Goldenberg identificou que preconceito entre casais ainda existe e é resultado de um conflito em relação ao modelo hegemônico da masculinidade. Mirian investiga o tema há mais de 30 anos, entrevistando 52 casais em relacionamento com mais de dez anos, cujos homens eram, no mínimo, dez anos mais novos que elas. O estudo concluiu que, em todos os países que a pesquisa foi realizada, existe preconceito contra as relações em que a mulher é mais velha que o homem e, no Brasil, não é diferente já que, em relacionamentos em que eles se casam com pessoas mais novas, estão mais aceitáveis, sem preconceitos e sem estigmas.

A questão também chegou a ser discutida no programa “Encontro”, apresentado pela jornalista Fátima Bernardes, que recebeu a atriz intérprete de Rebeca e também falou sobre seu próprio relacionamento com o deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE), 25 anos mais jovem que a apresentadora.

Fátima afirmou que é de extrema importância o assunto ser discutido, pois tem consciência que muitas pessoas, principalmente as mulheres, recebem um "olhar torto" de outras pessoas, sendo julgadas pelo relacionamento com pessoas mais jovens.

Talvez, muitos desses indivíduos em atos de preconceito por diferenças de idade não sabem que a intolerância causa danos psicológicos ao casal, ou individualmente, gerando preocupação, como imaginar ser “incapaz” para aquela pessoa e, que ser mais velho ou mais novo, é um fator primordial que afetará nas escolhas ou pesar em determinadas situações, provocando uma série de pensamentos negativos e, inclusive, podendo chegar ao ponto de interferir e atrapalhar os planos do casal. Trata-se apenas de mais um estigma que precisa ser revertido por quem ainda pensa dessa maneira. É um ponto a mais que entra no grandioso “pacote” de preconceitos sociais. A decisão só cabe, exclusivamente, ao casal.

O amor supre qualquer decisão. Porém, quando se fala em relacionamento entre pessoas com uma grande diferença de idade, deve-se também ter maturidade por parte do casal para entender as questões e os objetivos em conjunto e individual um do outro. A idade de fato é o que menos importa, em termos de objetivos, mas, pode pesar em termos físicos. Com o tempo, as demandas das pessoas mais velhas são muito mais pontuais que das pessoas mais novas.

As partes devem entender o envelhecer, principalmente porque a pessoa mais velha já ou pela fase que a mais jovem está e, assim, o entendimento dessa temática deve ser feito com muita propriedade. No sexo, pode ocorrer a diminuição do vigor de quem tem mais idade, enquanto o mais novo pode estar em um “ritmo” diferente, além da diferença de libido.

É essencial maturidade para entender e compreender, seguindo com a parceria até o fim, mantendo bastante cuidado para não se machucar e depois usar essa diferença como “desculpa”.