Redução na emissão de carbono, produção de energia limpa, substituição de equipamentos movidos a combustíveis fósseis por elétricos e até preservação da fauna. Esses foram um dos fatores que transformaram o Aeroporto de Confins no terminal mais sustentável do Brasil, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Em 2023, o aeroporto recebeu quase 11 milhões de ageiros. A expectativa é de que em 2024 esse número aumente em 8%.

Nos últimos anos, a BH Airport, empresa que controla as atividades do terminal, vem investindo para diminuir os impactos ambientais das atividades aéreas. Segundo a Anac, o setor da aviação é responsável por 2% das emissões globais de Gases de Efeito Estufa (GEE) anualmente. 

Desde 2017, o aeroporto já reduziu mais de 48% das emissões diretas na atmosfera. Também já foram compensadas cerca de 1.2 toneladas de Co2 por meio da compra de créditos de carbono - a BH Airport investe cerca de R$ 60 mil anualmente para a compra dos créditos.

Segundo Daniel Miranda, CEO do BH Airport, o terminal tem o objetivo de zerar todas as emissões de carbono até 2050. “Acima do prêmio, é importante ressaltar o compromisso com o desenvolvimento econômico e sustentável da região. Estamos no caminho certo e nossa jornada é contínua. Buscamos alternativas e inovações para atingir o resultado final que é chegar até 2050 com zero emissões de carbono”, diz. 

Para auxiliar na descarbonização, o aeroporto criou o projeto 400hz+PCA, que substitui o uso de combustíveis fósseis por energia elétrica renovável durante o período em que a aeronave está em solo. Antes, o processo acontecia por um gerador movido a querosene e diesel, além de necessitar de outros dois veículos para a instalação, consumindo muito mais combustível. 

Quando a aeronave pousa, junto da arela utilizada para o desembarque dos ageiros, um aparelho também é conectado, que fornece energia para o avião e permitindo que ele fique com os motores desligados. Estima-se que as companhias aéreas tenham uma economia de até 60% nas operações no terminal.

Estrutura é montada logo após o pouso do avião (Foto: Fred Magno/O Tempo)

Também foi feita a substituição de todos os equipamentos, como motos de ronda dos estacionamento, veículos de operação de solo e empilhadeiras, por equipamentos elétricos. O horário de acendimento e desligamentos das luzes também foi ajustado, ajudando na economia de energia.

Outro fator que ajudou o aeroporto a ter a certificação da Anac foi o fato de que, no próprio terminal, a água da chuva é coletada e tratada. Toda a água cinza é reutilizada em sanitários, irrigação e climatização. Em 2023, o sistema captou mais de 15 milhões de litros, que foram reutilizados nas mais diversas áreas do aeroporto.

Fauna

O Aeroporto fica instalado em uma área onde há uma grande presença de animais silvestres. Somente em 2023, 265 animais foram capturados e remanejados para áreas preservadas. Também foi construída uma agem de fauna no terminal, que permite o deslocamento dos animais que vivem em áreas florestais sem que precisem ar pelas rodovias, correndo o risco de serem atropelados. 

Alguns animais também são usados para garantir a segurança das aeronaves que decolam e pousam na pista de Confins. A presença de aves na região pode causar os chamados bird strikes, quando elas atingem os aviões, causando avarias e até mesmo a morte do animal. “É uma área controlada para mitigar o risco existente nos aeroportos. Temos uma equipe preparada que trabalha no dia a dia retirando os animais que poderiam causar um acidente com aeronave. É um trabalho aliado à proteção, segurança das operações e também à biodiversidade local”, explica Evandro Amato, Analista de Sustentabilidade e Meio Ambiente do BH Airport.

O Aeroporto de Confins conta com 16 falcões utilizados para a caça dessas aves. Entre eles está o Apolo de apenas três anos de idade. Treinado desde os três meses para a atividade, ele consegue espantar urubus, pombos e outras aves que possam oferecer riscos às aeronaves. “Apolo é uma peça fundamental. Ele tem a função de afugentar as aves pela altura. Treinamos ele em uma técnica que consiste em fazer o falcão subir e ter vantagem para intimidar as outras aves. Ele efetua os voos altos e dessa forma consegue ajudar”, diz Marcos Cruz, tutor do falcão e Coordenador de Manejo de Fauna de Campo

O cachorro Marlin também ajuda na segurança das aeronaves. Ele é utilizado para “espantar” aves que estão nos gramados próximos as pistas. 

Apolo e Martin, junto de seus tutores. (Foto: Fred Magno/O Tempo)

Atualmente, o aeroporto atende mais de 60 destinos em todo o país e mundo. Recentemente, houve um aumento no número de voos que saem de Confins para outras cidades de Minas. Mais de 10 milhões de ageiros devem ar pelo terminal até o fim de 2024.